
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que a propina cobrada em contratos da área da Educação em cidades do Maranhão variava conforme o produto contratado.
Em conversa sobre o município de Buriti Bravo (MA), dois investigados mencionam a suposta cobrança de “35 livro; 30 projetos; 25 laboratório”, sinalizando diferentes valores de retorno ilegal a depender do objeto da contratação.
Segundo o relatório da PF, a estratégia dos intermediários era equilibrar os percentuais, oferecendo valores menores em alguns contratos e elevando a cobrança em outros, como no caso dos livros, que tinham o maior percentual.
“Aqui é 25”, escreveu um dos suspeitos em um dos diálogos incluídos no documento.
Logo depois, o outro respondeu “Espero”, detalhando a divisão de percentuais. Para os investigadores, esse diálogo demonstra como o grupo ajustava as negociações de propina conforme o tipo de material fornecido às prefeituras.
As descobertas fazem parte da operação Lei do Retorno, que apura o desvio de cerca de R$ 50 milhões em recursos públicos da Educação no Maranhão. Os valores saíam principalmente de contratos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) para a aquisição de materiais didáticos.
Em outro momento, os investigados citam um diálogo com referência dos investigados ao município de Estreito (MA). Em áudio, um dos intermediários afirma que seria necessário pagar a empresa antes de uma reunião com a secretária municipal, “pra quando chegar na reunião já tá totalmente no nosso lado”.
Para a PF, o diálogo evidencia o “modus operandi” da organização criminosa, que usava os “presentinhos” – como era chamada a propina – como garantia de influência sobre decisões de gestores locais.
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